quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Só de sacanagem

Meu post “Da Ética” é um adendo ao belo texto de Elisa Lucinda.


Meu coração está aos pulos!Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro.Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, Que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu, minha filha”.Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, Então agora eu vou sacanear: Mais honesta ainda vou ficar!Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” E eu vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez”. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. E eu direi: “Não admito, minha esperança é imortal”. E eu repito: “Ouviram? IMORTAL!”Sei que não dá para mudar o começo Mas, se a gente quiser, Vai dar para mudar o final!



Em http://www.revista.agulha.nom.br/elisalucinda3.html, acessado em 12/07/2007.

Um comentário:

Unknown disse...

Lindíssimo o texto!E só de sacanagem eu também tô nessa! Sou daquela turminha que não passa ninguém pra trás, mas também não deixo barato quando tentam me passar.Dois exemplos pra justificar: outro dia paguei um bicoitinho com 5 reais e o moco tava me dando de troco 8 e uns quebrado; eu que sou estudante e dura fiquei com uma vontade danada de não falar,mas o grilinho falante sussurrou no meu ouvido e eu disse: moco! te dei 5,mostrando o troco na minha mão. Já outro dia fui no Bar da Fábrica e o garcom e a caixa(praticamente uma quadrilha) queriam juntos me currar em 10 reais.Eu que sou calminha resolvi o problema na briga, mas consegui o troco certo.Pra galera que anda em paz com a própria consciência eu mando meu abraco, e pro povo que tenta currar bêbado no fim da noite eu canto aquela musiquinha bem conhecida:"Vai tomar no cu....."