domingo, 3 de junho de 2012

Legião na MTV

Essa semana a MTV juntou Dado e Bonfá, chamou o Wagner Moura e gravou um tributo à Legião em São Paulo. O primeiro show foi transmitido ao vivo. Assisti emocionado. Dias antes do show a MTV exibiu toda sorte de documentários gravados antes de depois da morte de Renato. Foi muito bacana. Os depoimentos do Dado e Bonfá me lembraram os comentários que ouvi de Brian May, John Deacon e Roger Taylor sobre show do Queen em Montreal. Todos os cinco se referiam aos seus vocalistas com um profundo respeito e reverência pelo músico que foram. No caso do Legião chama a atenção depoimentos do Dado (que é um cara fechado), falando do momento por exemplo que o Renato cismou que não queria mais fazer shows. Dado se lembra do dia, da hora e o local (Recife) em que após um show Renato disse que não mais se apresentaria ao vivo. Ainda assim continuaram juntos, gravaram mais e produziram bastante. Em vários momentos entendi que Dado e Bonfá tinham a coragem de se submeter a idéias, conceitos e desejos de Renato pela força que tinha o que ele escrevia ou simplesmente por perceber ali um ato em potência que era único, original e que apesar de freqüentemente ser triste e melancólico lhes dava algum prazer também. Apesar de não saber onde aquilo os levaria. Mesmo levando em consideração que quem gosta de rock inglês nunca achará Legião melancólico o suficiente. Pelo menos no Brasil não temos fog, neve e bruma. (Infelizmente!). Para tocar e gravar um disco com temática medieval que inicia com “Pois nasci nunca vi amor...”, ou A Tempestade todo,  tem que ter coragem mesmo. A mesma coragem que João Ricardo e Gerson Conrad tiveram de acompanhar Ney Matogrosso no Secos e Molhados em plena ditadura. Coragem essa que dificilmente se vê no rock contemporâneo (ou o que se pode chamar de rock contemporâneo, pois quem sobrou dos 80 virou bundão com B maiúsculo, e quem veio depois faz a mesma merda, com raras exceções – já citei Karina Buhr aqui no blog, por exemplo). Quem assume de fazer o diferente hoje e que está aparecendo está no rap.





Deu para perdoar o ataque de fã que Wagner Moura teve durante todo o tempo do show. Ele não fez o mínimo esforço de esconder isso. O que ficou até legal, trazendo o show para um nível de relaxamento que temos quando nos reunimos nas famosas rodinhas de violão para tocar Legião. É quando o conteúdo supera a forma. Moura desafinou para caramba, Dado errou um pouco mas e daí? Não se pretendeu re-arranjar nada. Reuniu-se para tocar e pronto. É o que basicamente um fã do Legião curte.