terça-feira, 28 de setembro de 2010

O projeto e a música

Quando se afina uma guitarra ou violão, move-se as cravelhas para a direita ou para a esquerda. Cravelhas são aquelas pequenas peças que ficam no final do braço do instrumento. Quando se gira para um lado, aumenta-se a tensão das cordas e em conseqüência aumenta-se os tons.  Quando se gira para o outro lado
diminui-se os tons.
Como se sabe se cada corda está no tom correto? Antigamente era pelo ouvido. Um ouvido treinado sabe
quando a corda chegou no tom certo. O que era uma dificuldade enorme para os iniciantes.

Atualmente há uma variedade enorme de afinadores digitais que indicam quando as cordas estão no tom correto.
E mais, hoje em dia há instrumentos que se afinam sozinhos.

São as robot guitars.


Recentemente li um paper interessantíssimo sobre o projeto revolucionário de uma robot guitar da fabricante Gibson.

Gibson é a fabricante da famosa "Gibson Les Paul". Guitarra utilizada por exemplo por Slash e Jimmy Page.

A Gibson juntamente com a Fender produz as guitarras utilizadas pelos maiores guitarristas do mundo. Aqui no Brasil, Herbert Viana é um dos adeptos da mesma guitarra.

No final do ano passado a Gibson terminou um grande projeto, lançando sua terceira geração de robot guitars, que são guitarras iguais às guitarras convencionais, acrescidas de tecnologia e robótica. Um instrumento no mínimo muito interessante. Até então as robot guitars disponíveis limitavam-se à afinação automática: aperta-se um botão e as cordas se afinam automaticamente com micro-motores que movem as cravelhas e elas giram buscando a afinação. Confiram no vídeo abaixo.





Mas isso já existia não só em dois modelos anteriores de Gibson, mas em outros modelos de guitarra também. Até que em janeiro de 2009, Henry Juszkiewicz, Gerente de Projetos da Gibson recebeu a missão de desenvolver um modelo revolucionário de robot guitar. O projeto tinha a verba de 2 milhões de dólares e o objetivo era desenvolver um modelo revolucionário de robot guitar da qual seriam vendidas apenas mil cópias a 4 mil dólares cada. O tempo de projeto era 12 meses, com um deadline de dezembro de 2009.

A equipe foi composta por 30 engenheiros e 12 líderes técnicos. Como não havia projeto precedente semelhante, para minimizar o risco, a equipe consultou desenvolvedores que participaram do desenvolvimento de outras robot guitars. A guitarra deveria ser altamente inovadora em tecnologia (ter tudo o que já tinha em outras robot guitars e muito mais), tinha de ser fácil de usar e manter o visual de uma guitarra Gibson convencional.

Em junho de 2009 e equipe entregou uma versão de testes para alguns músicos e  resultado foi desastroso: muito difícil de usar, na opinião dos testadores.
Voltar para a prancheta e refazer tudo levou à contratação extra de mão-de-obra técnica, para o cumprimento do prazo (gerência de riscos).


O fato é que em 7 de dezembro de 2009 havia 1000 Gibson Dusk Guitars na fábrica em Nashville, Tennessee no EUA, prontas para uso!

Entre outros recursos, a guitarra ganhou uma interface com o computador que permite que se armazene até 12 tipos de afinações diferentes, vários tipos de equalizações, configurar o ganho de cada captador individualmente, tudo isso de modo gráfico. Não se trata de uma guitarra digital, é uma guitarra analógica robotizada!

Valeu!