segunda-feira, 11 de junho de 2007

Nem tão Stallmann nem tão Gates

Há alguns anos atrás dei uma palestra no CDI sobre Software Livre e vi que ninguém sabia exatamente o que era isso.
Mais tarde conversando com alguns desenvolvedores que eram alunos dos primeiros anos de um curso de Tecnologia, percebi que tampouco eles e seus professores sabiam o que era também.

Fiquei de escrever algo sobre o assunto.

Vai lá.

Pouca gente conhece Richard Stallmann, muita gente já ouviu falar em Linux e todos conhecem Bill Gates.

Richard Stallmann é o Filósofo criador da teoria do Software Livre.
Linux é o mais famoso programa OpenSource.
Bill Gates é o dono da Microsoft.

A três coisas são diferentes mas se tangenciam. Vejamos.

Software Livre
Stallman é um visionário barbudo, intelectual da pesada (Física em Harvard) e que recebeu todos os maiores prêmios de tecnologia do mundo. Um daqueles caras à frente do seu tempo. Chamado de Santo Ignúcio, em 1984 ele lançou um manifesto chamado Manifesto GNU, onde basicamente ele diz o seguinte:
- o usuário de programa de computador tem de ter liberdade de rodar o programa para qualquer propósito (liberdade 0);
- tem de ter liberdade para estudar, alterar e adaptar o programa de computador para a sua necessidade (liberdade 1);
- liberdade para copiar e distribuir o programa de computador (liberdade 2);
- liberdade para melhorar o programa de computador e distribuí-lo (liberdade 3).

É claro que para satisfazer as liberdades 1 e 3, deve-se ter acesso ao código fonte.

O programa tem de ser livre porque para Stallman “Quando um programa tem um dono, os usuários perdem a liberdade de controlar uma parte de suas próprias vidas.”

O programa livre não tem de ser de graça (sem pagar). Stallman é categórico no manifesto quando fala desse assunto. Software livre não significa necessariamente software gratuito. Daqui já sai a primeira confusão. As pessoas acham que software livre é gratuito. A motivação de Stallman é social e não mercadológica essencialmente.

Resumindo: software livre é aquele que você adquire (pagando ou não) e tem o direito de alterar, melhorar, distribuir e usar do jeito que você quiser. Inclusive vendendo.


OpenSource
Já o Linux é fruto de um outra corrente chamada OpenSource. Esse pessoal começou em 1993 uma onda muito semelhante à onda do software livre. O que muda essencialmente é:
- o propósito do OpenSource é construir o melhor software possível;
- para atingir esse objetivo eles constroem comunidades de desenvolvimento onde cada desenvolvedor pode contribuir com o código fonte;
- você tem de comercializar um software OpenSource da mesma maneira que o adquiriu.

Deu para ver que a diferença é muito sutil. O software livre pode ser comercializado da forma que eu quiser, já o OpenSource exige que eu o comercialize da maneira que adquiri.

Microsoft
É a maior produtora mundial de Sistemas Operacionais. O programa que toma conta do computador. Pertence ao Bill Gates, figura conhecida fora do mundo de TI. A Microsoft é conhecida também por algumas práticas comerciais questionáveis como: se ela acha um concorrente fazendo um programa de computador “porreta”, a Microsoft compra a empresa concorrente e embute o software adquirido nas suas dezenas de soluções que já possui.

Fatos
Como se diz: “contra fato não há argumento”. Segue-se alguns fatos para o leitor poder meditar. A partir de cada fato desse pode-se tirar conclusões valiosas. Não vou dar a minha opinião para não influenciar ninguém. O que se segue abaixo são constatações.

1. A maioria das pessoas não tem a mínima idéia do que é um código fonte. Tampouco como alterá-lo.
2. Vcê já viu uma mosca branca? Pois é. É tão raro quanto alguém capaz de alterar o Linux para você. Só vi isso em grandes empresas e em algumas prefeituras.
3. Muitas empresas que dependem de programas de computador de forma vital, contratam programadores para elas. E o programa passa a ser da empresa e não do programador. E aí elas mandam alterar o programa da forma que querem.
4. Qualquer Windows é muito, muito, mas muito mais fácil de usar do que qualquer Linux.
5. O Linux é mais estável do que o Windows.
6. O Windows é mais bonito do que o Linux.
7. O Windows nasceu em uma empresa, para ser vendido. O Linux nasceu em uma universidade para ser um estudo de caso.
8. Richard Stallman, Bill Gates e Linus Torvald estão, intelectualmente falando, muito acima da média da humanidade.
9. Existe muita gente fanática por Windows.
10. Existe muita gente fanática por Linux.
11. Gente fanática é irracional.
12. Existe muito programa de prateleira. Você vai à loja, pega uma caixinha com um CD dentro, paga, chega em casa, instala e usa. Nunca mais você vai pagar nada para o fabricante.
13. Há programas alugados. Você paga um tanto por mês para ter o direito de usar e de adaptar o programa para você.
14. Há empresa que sacaneia. Cobra por mês por um programa que não tem necessidade de manutenção mensal.
15. Há programas que levam anos para ficar prontos e consomem muitos recursos em mão-de-obra, treinamento, máquinas, dinheiro e muitas outras coisas.
16. Há programas que podem ser feitos em questão de horas.
17. O custo para copiar um programa é quase zero.

Dá para pensar um pouco a respeito...

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