sábado, 9 de abril de 2011

Nova certificação PMI

O PMI anunciou em fevereiro o lançamento de uma nova certificação. Trata-se da certificação PMI-Agile, que ainda não tem um nome oficial, mas que será anunciado até o final do ano. Por enquanto o que foi divulgado é somente um roteiro da certificação para este ano. Em abril sai o conteúdo para a prova de certificação, em maio pode-se submeter a elegibilidade e no terceiro quadrimestre serão as primeiras provas. Essa certificação vem se juntar à família das cinco já existentes: PMP, CAPM, PgMP, PMI-SP e PMI-RMP.


As práticas ágeis surgiram em 2001 em Utah, no Estados Unidos como uma tentativa de resolver problemas de gerência desenvolvimento de software. Trata-se de uma filosofia que usa modelos organizacionais baseados em pessoas, colaboração e valores compartilhados. As técnicas ágeis mais famosas são o XP (Extreme Programming) aplicada à programação de computadores e o Scrum aplicada à gerência de desenvolvimento de softwares.

O Agile não é novo para o PMI. Desde 2009 o PMI mantém uma comunidade sobre Agile. Essa comunidade se dedica, além do estudo do Manifesto Ágil, a traçar comparativos entre as práticas Agile e o PMBoK. Também na PMNetwork, a revista oficial do PMI, há uma coluna dedicada ao Agile.

Tive contato com técnicas ágeis há alguns anos através do Fábio Câmara, um dos líderes do MSDN na época. Adendo: inclusive com aquela famosa estorinha Agile do porco e da galinha, na qual se diz que em uma feijoada a galinha participa (com o ovo da farofa) enquanto o porco se compromete (com o torresmo); tentando valorizar o confronto entre comprometimento e participação na gestão de projetos. Desde então, do Agile adotei a prototipação evolucionária, as entregas parciais, a iteratividade, a proximidade com o cliente, e vários outros conceitos.

O anúncio dessa nova credencial encontrou ecos diversos na comunidade de GP’s. No capítulo de Belo Horizonte, dois expoentes se manifestaram de maneira de diferente. Um encarou com entusiasmo dizendo que a certificação irá acrescentar muito às duas comunidades: GP’s e Agilistas. Já um outro expoente da comunidade disse que a certificação não emplaca!

O que me intriga é o seguinte:
1. se pegarmos o Manifesto e as 13 premissas Agile e tirarmos o que diz respeito a software, o que resta já encontramos no PMBoK! O Agile está intrinsecamente associado a projetos de software e todos os maiores cases de Agile são sobre software;

2. o PMBoK recorrentemente fala de iteratividade, revisão de cronograma e proximidade com as partes interessadas. (Essa questão da proximidade serviu inclusive de inspiração para o ITIL, e é flagrante a influência na versão 3, cujo foco é a parceria);

3. um finalista de Projeto do Ano do PMI Global é a construção de um estádio de última geração no Texas, EUA, cujo projeto que em três anos sofreu 300 revisões no escopo original! Sendo que a resistência à mudança de escopo é a maior crítica dos agilistas ao PMBoK!

Acredito que com essa certificação o PMI tenta explicitar que é possível ser ágil com o PMBoK, uma vez que é muito comum essa polarização excludente. Um outro aspecto é um suporte ao pessoal de TI, onde o naufrágio dos projetos é muito comum. Com essa certificação o PMI alcança uma visibilidade muito maior e mais forte junto à comunidade de TI.

Se a certificação vai pegar ou não, é um mistério. A credencial mais famosa, o PMP, levou 30 anos para ter o peso que tem, e suas irmãs (CAPM, PgMP, PMI-SP e PMI-RMP) não têm de longe o prestígio do irmão  mais velho.

Mas o fato é que vai agregar valor. Vamos pensar mais em agilidade e em dinâmica de entrega de projetos.

Em breve também, publicarei no iMasters uma entrevista que fiz com Jesse Fewell, o fundador da comunidade Agile do PMI Global, que com certeza acrescentará um ponto de vista valoroso. Continuem acompanhando.

Valeu.

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