Essa semana a MTV juntou Dado e
Bonfá, chamou o Wagner Moura e gravou um tributo à Legião em São Paulo. O
primeiro show foi transmitido ao vivo. Assisti emocionado. Dias antes do show a
MTV exibiu toda sorte de documentários gravados antes de depois da morte de
Renato. Foi muito bacana. Os depoimentos do Dado e Bonfá me lembraram os
comentários que ouvi de Brian May, John Deacon e Roger Taylor sobre show do
Queen em Montreal. Todos os cinco se referiam aos seus vocalistas com um
profundo respeito e reverência pelo músico que foram. No caso do Legião chama a
atenção depoimentos do Dado (que é um cara fechado), falando do momento por
exemplo que o Renato cismou que não queria mais fazer shows. Dado se lembra do
dia, da hora e o local (Recife) em que após um show Renato disse que não mais
se apresentaria ao vivo. Ainda assim continuaram juntos, gravaram mais e
produziram bastante. Em vários momentos entendi que Dado e Bonfá tinham a
coragem de se submeter a idéias, conceitos e desejos de Renato pela força que
tinha o que ele escrevia ou simplesmente por perceber ali um ato em potência
que era único, original e que apesar de freqüentemente ser triste e melancólico
lhes dava algum prazer também. Apesar de não saber onde aquilo os levaria. Mesmo
levando em consideração que quem gosta de rock inglês nunca achará Legião
melancólico o suficiente. Pelo menos no Brasil não temos fog, neve e bruma.
(Infelizmente!). Para tocar e gravar um disco com temática medieval que inicia
com “Pois nasci nunca vi amor...”, ou A Tempestade todo, tem que ter coragem mesmo. A mesma coragem que
João Ricardo e Gerson Conrad tiveram de acompanhar Ney Matogrosso no Secos e
Molhados em plena ditadura. Coragem essa que dificilmente se vê no rock
contemporâneo (ou o que se pode chamar de rock contemporâneo, pois quem sobrou
dos 80 virou bundão com B maiúsculo, e quem veio depois faz a mesma merda, com
raras exceções – já citei Karina Buhr aqui no blog, por exemplo). Quem assume
de fazer o diferente hoje e que está aparecendo está no rap.
Deu para perdoar o ataque de fã
que Wagner Moura teve durante todo o tempo do show. Ele não fez o mínimo
esforço de esconder isso. O que ficou até legal, trazendo o show para um nível
de relaxamento que temos quando nos reunimos nas famosas rodinhas de violão
para tocar Legião. É quando o conteúdo supera a forma. Moura desafinou para caramba,
Dado errou um pouco mas e daí? Não se pretendeu re-arranjar nada. Reuniu-se
para tocar e pronto. É o que basicamente um fã do Legião curte.